sábado, 13 de março de 2010

História Belenenses; 1945/46 IIIIIII

A conquista de 1945/46 - 5ª parte

Mariano Amaro era o capitão e pelo seu valor se deduzia o grande valor do conjunto. Como médio direito era especialista em “cortar” o jogo dos adversários, “secando” muitas vedetas dos rivais.

Tornou-se um dos jogadores mais populares do Belenenses e de Portugal.
Francisco Gomes e Serafim completavam uma linha média de respeito. Lá na frente estariam Mário Coelho, Elói, Armando, Quaresma e Rafael. A propósito da forma como jogavam, Quaresma revelou mais tarde uma “gracinha” dos colegas de defesa: Costumavam dizer que, como trocávamos a bola durante tanto tempo lá à frente, eles até podiam fazer jogos mais descansados!. E ele mesmo, Quaresma, era uma das maiores referências.

O jogo não poderia ter começado da pior maneira para o Belenenses: o elvense Patalino inaugurou o marcador com pouco mais de um minuto decorrido. Pior ainda, até ao intervalo o Belenenses foi uma equipa completamente assomada pelos nervos, apática e desorientada. Pelas palavras de Artur Quaresma:
“O Patalino marcou e a maioria dos nossos jogadores tremeram. Ao intervalo, o moral estava de rastos. Alguns companheiros ficaram desorientados e até o grande Amaro, o capitão, foi-se abaixo. O Vasco e eu, que éramos mais descontraídos e frios, começámos a puxar por eles.”

Amaro, segundo contaram os colegas, chegou às lágrimas, desesperado e desorientado. E foram de facto Vasco e Quaresma, mas também José Pedro e Rafael, os que mais tentaram animar a equipa, mantendo viva a esperança.

Na segunda parte e com as notícias dos golos que asseguravam a vitória do Benfica (4-2) o Belenenses finalmente ressuscitou. Com Vasco a dar o “mote”, como relatou Artur Quaresma:

“O Vasco mostrou grande vontade de vencer e na segunda parte praticamente ganhou o jogo. Fez uma corrida diabólica pelo lado direito, deu-me a bola e fiz o golo. A equipa começou a animar e conseguiu o 2-1.”


Segundo certos registos o golo de Quaresma surgiu aos 66 minutos, enquanto o segundo golo, da autoria de Rafael – também “servido” por Vasco – teria sido aos 75 minutos. Outra versão fala do golo de Quaresma aos 75 minutos com o golo de Rafael “cinco minutos depois”. Neste caso enquadra-se perfeitamente nos famosos “15 minutos à Belenenses”. Mas independentemente dos minutos, foi um final de jogo “à Belenenses”.
Em ambos os golos, o ímpeto e a garra de Vasco. Por sinal um adepto adversário ainda o tentou agredir, partindo um chapéu-de-chuva nas suas costas, sem grande efeito (ou com o efeito contrário ao desejado!).

No final do jogo os jogadores azuis abraçaram-se no centro do campo, desfeitos em lágrimas. Amaro, o que mais tinha sofrido, foi o que mais exultou. Disse depois Feliciano:

“Quando terminou o encontro de Elvas estávamos todos arrasados, completamente exaustos, mas mesmo assim ainda tivemos ânimo para chorar de felicidade, como Madalenas inconsoláveis. Tinham sido os mais emocionantes 15 minutos à Belenenses...”


O regresso a Lisboa foi apoteótico. Os carros particulares que transportavam os jogadores logo ficaram retidos no Cais do Sodré. Como contou José Sério, então guarda-redes suplente:

“Os carros foram obrigados a parar e o trajecto até Belém foi lento, com muita gente nas ruas a agitar bandeiras.
Chegados a Belém foi a vez das obrigatórias três voltas à estátua do “padrinho” Afonso de Albuquerque (“nunca mais se viu uma festa tão bonita na Praça Afonso de Albuquerque”, diria Quaresma). A festa continuou depois na sede do Clube.

Balanço do Campeonato

Na tabela final as equipas ficaram assim ordenadas:

1º Belenenses, 38 pontos

2º Benfica, 37 pontos
3º Sporting, 32 pontos
4º Olhanense, 27 pontos
5º Atlético, 21 pontos
6º Porto, 20 pontos
7º Setúbal, 18 pontos
8º Guimarães, 18 pontos
9º SL Elvas, 17 pontos
10º Académica, 16 pontos
11º Boavista, 12 pontos
12º Oliveirense, 8 pontos

O Belenenses venceu 18 jogos, empatando 2 (1 empate em casa, 1 fora) e perdendo apenas outros 2 (ambos fora). Marcou um total de 74 golos, só sendo superado pelo Benfica (82). Só nas Salésias foram marcados 50 golos, tendo sido a equipa que mais golos marcou em casa. Em matéria de golos sofridos fomos “senhores” absolutos, com apenas 24.

Por fim, a lista dos marcadores dos golos azuis:
Andrade – 19
Quaresma – 14
Armando – 14
Rafael – 12
José Pedro – 6
Mário Coelho – 4
Feliciano – 2
Elói – 1
Martinho – 1
Dias (Guimarães, pb) – 1

Viva o Belenenses!

PELA BANDEIRA, SEMPRE CÁ ESTAREMOS !!!

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