Sebastião Lucas da Fonseca (Matateu)
«Recordo um jogo em que fui fazer a reportagem, quando a selecção portuguesa defrontou a RDA, em Berlim. O nome de Matateu já tinha algum furor na Europa e, quando entrou em campo, todo o público gritou o seu nome. Ganhámos por 2-0 e no fim ficamos rodeados por militares alemães a gritar por ele. Nessa altura, Matateu virou-se para mim e disse: “Vistes os russos a chamar pelo meu nome?”. Dentro da área, nos últimos dez metros de terreno, foi o melhor jogador de sempre. É inacreditável como se podem esquecer dele nas nomeações para os melhores do século.» - Aurélio Márcio, jornalista
«Importa destacar o perfil técnico e disciplinar de Matateu. Nestes dois aspectos, afinal de conta fulcrais, as opiniões favoráveis, até desvanecedoras, são unânimes. Grande jogador, dos maiores que o futebol português regista, atleta disciplinado, incapaz de lesionar os colegas de profissão, mesmo aqueles que, impiedosamente, o perseguiam e agrediam sub-repticiamente ou às escâncaras. Matateu era um artista espontâneo, que driblava num palmo de terreno e conseguia rematar com força e, normalmente, colocação. Incomparável, realmente. Podia ter sido campeão nacional, em 1955. Fez por isso ao marcar dois golos no famoso jogo com o Sporting, no domingo, 24 de Abril daquele ano. Mas só valeu um deles. O outro está arquivado nos misteriosos arquivos da arbitragem portuguesa. Venceu uma Taça de Portugal, conquistou duas bolas de prata, ganhou lugar entre os melhores jogadores portugueses de todos os tempos. E alcançou a eternidade no céu azul dos Belenenses.» - Homero Serpa, jornalista
«Representa(va) para o Belenenses praticamente o mesmo que Eusébio para o Benfica. O moçambicano, “terror dos guarda-redes” nos anos de 50, terá sido o único verdadeiro ídolo dos simpatizantes azuis. Ou, pelo menos, o maior. Por ele e com ele se festejaram grandes vitórias, grandes tardes de futebol e golos de fazer levantar as Salésias. Foi, também, um enorme fenómeno de popularidade, em todo o Portugal, beneficiando, certamente, do facto de ser do Belenenses e não Sporting ou do Benfica. Todos gostavam dele. Na altura, aliás, não havia cão ou gato preto que não se chamasse Matateu … Dos seus golos e das cervejas que bebia no intervalo dos jogos fala o testemunho dos que então com ele privavam. (…) Mas lembro-me - e muito bem – de ir à bola pela mão do meu pai, do meu avô, do meu tio, para ir ver o Matateu. Era ele o tal símbolo, a referência máxima de todos os que gosta(va)m de futebol. (…) Resta a todos os Belenenses, a todos os adeptos do futebol, recordar Matateu com saudade. E com carinho.» - Hélio Nascimento, jornalista
Matateu foi único e inimitável. Sobre Matateu muitas histórias, que hoje são lendas, como ele próprio o é, haveria para contar …
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