segunda-feira, 27 de abril de 2009

Entrevista Força Avense

Esta semana retomamos a nossa rubrica de entrevistas.

Desta vez entrevistámos a Força Avense, grupo de apoio ao Aves.



BB - Conta um pouco da história da Força Avense.



FA - Grande parte do grupo que formou a claque sempre teve o desejo de o fazer ou de o ver ser feito por alguém, para o Desportivo, sempre se admirou bastante o movimento nas curvas. Curiosamente foi aquando de um Aves - Belenenses, estaríamos nós na época de 97 salvo erro, em que o Belenenses militava nessa altura na liga de honra, e em que a Fúria Azul fez-se representar por meia dúzia de elementos mas que nem por isso deixaram de dar todo o apoio possível ao clube.

Esta atitude e mentalidade fez-nos acreditar que era possível, mesmo tendo nós ainda uns fresquinhos 12/13 anos. Passou-se aos actos e formou-se “Os Avenses” que viria a dar lugar a “Ultra Avenses” e finalmente a Força Avense na data de 15 de Janeiro de 2000, sendo a ideia mais unânime.

Ressalva-se portanto que “esta” Força Avense nada tem a ver com a Força Avense de 1986 em que venceu o prémio de melhor claque nacional.



BB - Quantos elementos tem a Força Avense ?


FA - A Força Avense tem cerca de 250 sócios, embora não sejam todos pagantes e assíduos infelizmente.



BB - E quantos elementos em média costumam ter nos jogos?


FA - Em casa a média situa-se nos 60/70, dependendo da importância do jogo, ou das condições atmosféricas, que embora não desmobilize, retrai um pouco, ainda que nunca nos passe ou tenha passado pela cabeça mudar de sítio, como tem acontecido noutras “curvas” portuguesas.

Nas deslocações a média situa-se nos 30 elementos, variando consoante a distância, e infelizmente nos tempos que correm, consoante o custo.



BB - Têm alguma amizade oficial?


FA - Temos um ideal de bem-estar, aproximação e convívio com todos os grupos como já deves ter constatado ou tomado conhecimento, exceptuando com os rivais é claro.

Convívios mais calorosos e frequentes, temos regularmente com a Frente Leiria, Auri - Negros e Brigata Azurri mais recentemente.

Tivemos também durante muito tempo, principalmente na II liga com a Máfia Vermelha e Tuff Boys, que infelizmente para o panorama ultra nacional, acabaram, eram um bom grupo. Temos também excelentes relações com o VIII Exército.



BB - Quem são os inimigos da Força Avense?


FA - O rival eterno do Aves e pressupostamente da Força Avense é o tirsense, que para pena minha, não defrontamos há já algum tempo em jogos oficiais, temos de nos contentar com amigáveis e jogos da formação.

Depois temos uma certa animosidade com os green devils do moreirense devido á proximidade e com o Penafiel devido a graves confrontos em 1985 e mais recentemente em 2003.



BB - Que opinião tens da Fúria Azul ?


FA - A velhice ainda é um posto, e a Fúria Azul só pelo seu historial e história deve ser respeitada e encarada como um exemplo a reter.

Realço muito positivamente a tentativa de conciliação entre o passado e presente, um constante incentivo a novos membros e á continuidade dos já existentes.

Uma palavra de apoio para a constante luta para manter o que o 25 de Abril nos deu.

De realçar também que a Fúria Azul ainda é das poucas que se preocupa em fazer bons tifos.


BB - Como vês o movimento ultra na actualidade ?



FA - As curvas nacionais estão claramente em decadência e num movimento bastante decrescente. Não atribuo a responsabilidade disto estar acontecer á lei 16/2004, exceptuando em casos concretos.

Atribuo sim á mudança de mentalidade das novas gerações, são gerações que pouco ligam ao futebol, e em que os seus valores correspondem á sociedade actual, de consumo e extremamente capitalista.

Tudo aquilo que se aprende e se ganha humanamente nas curvas, é descartado agora por este ou aquele produto, esta ou aquela satisfação pessoal, não dando espaço a uma renovação e boa continuidade das curvas nacionais.

Não esquecer também que, e pode parecer cliché mas não o é, a crise afecta bastante a carteira dos portugueses, e sendo o futebol um vicio caro, torna-se em diversas situações insustentável a ida ao estádio, muito mais para um ultra que anda todas as semanas atrás da equipa, quer em casa quer fora.

Por outro lado a televisão e os seus horários também por muitas vezes condicionam o espectáculo que podia ser dado nas bancadas.



BB - Que opinião tens da lei 16/2004 ?


FA - Foi uma lei para “Uefa ver”, não serviu para identificar ou condicionar pseudo criminosos nas curvas, que não são assim tantos quanto se apregoa.

Serviu essencialmente para permitir uma censura e repressão desmedida na maior parte dos casos, e para dar maior poder às forças de segurança.



BB - Quais são os grupos que mais admiras lá por fora? Qual o estilo que mais te agrada?


FA - Pergunta difícil. Gosto essencialmente dos estilos, Grego, Croata, Italiano e Francês. Quanto a grupos enchem-me as medidas, Gate 13 (Panathinaikos), Torcida Split (Hajduk Split), Curva Nord (Atalanta), Magic Fans e Green Angels (Saint-Etienne). Gosto também da massa adepta do Urawa Reds do Japão.



BB - Deixa só uma mensagem final.


FA - Gostaria que o futebol voltasse a ser do povo. E o movimento ultra pode ser determinante nisto se quiser, basta unir-se a uma só voz em opiniões, manifestações, demonstrações de desagrado e etc. Mas vejo isto um pouco utopicamente, espero que o tempo me mostre o contrário.



Os Blue Brothers agradecem à Força Avense pela entrevista, e desejam tudo de bom aos mesmos.

1 comentário:

Ramiro Lopes disse...

Excelente entrevista.
Boas perguntas, boas respostas.

É preciso - cada vez mais - dar voz ao "povo".

Parabéns pelo blog.
Desconhecia, mas parece estar aqui um bom trabalho.

Abraço e continuação.