terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Entrevista Ultras Life

Hoje o BB publica a entrevista que fez com o admin do Ultras-Life.






BB- Projectos para o futuro, existem alguns?





Ultras-Life - Sim claro, a vida é composta por constantes novidades, e a ideia é de estar sempre a inovar.

Um grande projecto que gostava de ver concretizado, era o lançamento de um fanzine com o próprio título: Ultras Life, na qual referia um pouco mais acentuado os grupos dos escalões inferiores, algumas entrevistas, e o movimento lá por fora, com claro destaque para os países de Leste. Mas penso que isso não será para já.

Penso que é importante referir que este blog é pessoal, e conta apenas com post’s de temas que eu acho que são realmente relevantes.

Normalmente não trabalho com a actualidade ultra, prefiro abordar temas menos referidos no nosso país.

Neste momento existem muitos blogs sobre a actualidade ultra, mas se formos dar uma “olhadela” rápida por todos eles, verificamos que falam do mesmo, mas por outras palavras. Muda o nome, fica o mesmo conteúdo.

A minha “missão” foi mais de trazer algo de novo, tratando assuntos de que realmente me interessam devido ao seu grau de importância. O blog não é generalista, por isso talvez encontrarão muitas opiniões divergentes. Os temas abordados são imensos, num dia poderei esta a falar sobre as “firms” Britânicas, como noutro dia estarei a referir algum grupo Ultra menos conhecido.




BB - Que opinião tens da lei 16/2004?



Ultras-Life - Numa conclusão rápida, penso que é o retorno aos tempos da ditadura e da censura.
Os problemas com as claques sempre existiram, e não vai ser agora com uma lei tremendamente injusta e absurda, que os problemas vão acabar, é apenas uma estratégia para encontrar os culpados de forma mais rápida.
No meu ponto de vista, esta lei apenas beneficia os líderes dos grupos, que lucram em larga escala com os fiéis adeptos que vão a bola.
Hoje em dia o futebol é negócio de poucos, á custa de muitos.

Isto não passa de uma mera táctica para tapar os olhos aos mais distraídos, polícias que antigamente patrulhavam os bairros, vêem esta lei como forma de escapar a problemas mais sonantes.

Blogs como o Ultras Life, são diariamente inspeccionados a pente fino pela polícia, para retirar nomes, moradas, localidades etc., de possíveis ameaças ao futebol (como eles nos apelidam). A verdade é que há certas pessoas que lhes facilitam e muito o seu trabalho. Penso que têm que se mentalizar que cada vez mais há uma perseguição enorme aos ditos grupos “ilegais”, há que combater essa repressão…

A lei 16/2004, esta totalmente em desacordo com os ideais ultras e da mesma forma, esta totalmente em desacordo com o que acredito e prático.

E o que esta lei trouxe de bom? Nada.

Aumentaram os casos de excesso de zelo, o abuso a autoridade, a má formação, patente em alguns dos agentes que Domingo após Domingo se cruzam connosco no Estádio. Somos Ultras, cometemos excessos? Claro que sim, é normal quando se dá uma junção de massas, e somos responsabilizados por isso pelos amigos, pela família, pelos média, pela polícia, nos empregos, nos tribunais!

É justo? A resposta não é assim tão linear quanto a partida parece. Quando cometemos erros pagamos por eles, criam-se leis, detêm-se pessoas, e é a justiça a funcionar! Mas, e quando o erro não é nosso? Bom, quando é a polícia a proceder mal, não há testemunhas, as provas desaparecem, arquivam-se processos, e esta feita a justiça.




BB - Como vês o movimento ultra na actualidade?


Ultras-Life - Como a palavra estagnação está tão em voga, penso que é o nome certo para qualificar o panorama ultra nacional neste momento.

Pouco, ou quase nada se passa. Penso que as novidades apenas existem nos escalões secundários, onde realmente podemos ver a verdadeira essência do futebol.

Houve um grande abandono por parte da velha guarda de certos grupos, e não houve uma passagem de testemunho.

Vários valores fundamentais tem-se perdido até então. Perdeu-se o real valor das amizades na curva, das transfertas, das concentrações etc.

Hoje em dia vejo-me rodeado de pessoas que não sabem receber os mais novos, e fecham-se no seu mundo, deixando de comunicar com os outros. Penso que na verdade acabou grande parte da alegria que havia nas curvas.


Hoje em dia é raro veres um grupo todo abraçado a saltar de entusiasmo, já pouco vês os frequentes “morches” que acordavam os mais distraídos, já não há aqueles cânticos de por o estádio todo a cantar…



BB - Que achas que ainda se poderá fazer para melhorar o movimento?



Ultras-Life - Basicamente tudo… Há certas coisas que deixam marcas, e a questão da legalização será uma que nos marcara para sempre. Como queremos credibilidade e respeito lá fora, com estas atitudes? Há grupos lá fora a rirem-se de nós, tens o caso do jogo Basileia vs Sporting. Penso que o retorno da velha guarda dos vários grupos ia fazer uma grande diferença.




BB - Nos últimos tempos tem se notado um grande crescimento da cena casual, pensas que será de futuro o rumo a seguir devido a repressão?



Ultras-Life - Na maioria das vezes, o que fazemos é apenas dizer que pertencemos a claque x, ou usar material alusivo a dita claque, e somos automaticamente rotulados como arruaceiros e marginais.

Por este motivo e outros mais, penso que o “casualismo” terá cada vez mais um peso no nosso movimento.

Dentro de grupos “legais”, por vezes aparecem pessoas que não se identificam com isso, e acompanham a equipa a parte.

Essas pessoas, na minha opinião, merecem muitos créditos, pois não se vendem, e tem uma despesa ainda maior ao acompanhar a sua equipa.

Por vezes ser casual, é tirar vantagem sobre o adversário, e forma de dar a volta a policia, que hoje em dia tem apertado imenso.

Mas em contrapartida temos pessoas que não sabem a real identidade de ser casual, pensam que é tudo uma questão de moda, ao vestirem um casaco da Fred Perry, umas calças levi’s, um chapéu da Burberry, umas sapatilhas das Adidas… Pensam que já são casuais.

Antes de se ser casual, tem que se sentir, e saber o verdadeiro significado da palavra.




BB - Qual é na tua opinião o melhor grupo nacional no momento?



Ultras-Life - Sem duvida nenhuma que serão os No Name Boys. Penso que a opinião é unânime. Foi um grupo que sempre se manteve fiel as suas origens, nunca se vendeu, nunca se meteram em esquemas… É um grupo totalmente a parte dos restantes em Portugal. A sua maneira de ser e de estar é única. Bom exemplo disso foi este aparato todo que os envolveu, e contra todas as expectativas, surgiram ainda mais fortes, fazendo valer o “pluribus unum”.




BB - Quais foram na tua opinião, os grupos que mais se destacaram neste ultimo ano?



Ultras-Life - Já no meu blog tinha feito o género de um pódio para os diferentes escalões. Na primeira Liga premiei os No Name em 1º, a Fúria Azul em 2º, e os Ultras Insine em 3º.

No escalão da segunda divisão pus como melhor grupo os Panteras Negras, em 2º a Brigata Azzuri, em 3º a Força Avense.

Nos escalões secundários coloquei os South Side em primeiro, em 2º os Ultras Ermesinde, e em 3º os Ultras Arouca.

Para mim, estes foram os grupos que realmente estiveram em destaque no ano de 2008.

É lógico que nesta minha selecção não escolhi nenhum grupo legalizado. Para mim quantidade, não é sinónimo de qualidade, e estes grupos fizeram muito pela vida, e merecem o respeito de todos, independentemente das nossas cores.




BB - Que opinião tens da Fúria Azul?


Ultras-Life - Para mim a Fúria Azul foi dos grupos que mais sofreu com a lei16/2004, a par com os Diabos Vermelhos e os No Name.

Foi dos grupos que mais lutou, e mais resistiu.

Sempre tive em conta todas as batalhas que travaram, e as formas que usaram para se manter unidos.

Todos juntos saíram por cima, dando uma grande lição de mentalidade a grupos ditos “maiores”, que de grandes apenas tem o número de sócios.

Em termos de apoio são bons, realizando muitas vezes boas deslocações.

Tem sido incasáveis no apoio as modalidades.

Já desde de novo que observo as excelentes tifos, Hoje em dia mais difíceis de concretizar, mas a piada esta em encontrar formas de contornar os actuais problemas.

Fizeram valer a velha máxima da mentalidade não apregoada, mas sim praticada.

A velha guarda da FA teve uma atitude muito decisiva na tomada de decisões deste grupo, que fizeram com que se mantivessem na mesma linha de pensamentos e atitudes.




BB - Como vês a forma injusta como a comunicação social trata a malta das claques?



Ultras-Life - A comunicação social sempre teve um papel de descriminação pelos Ultras, seja cá em Portugal ou em qualquer país do mundo.

Os média nunca souberam “separar a semente boa, do joio”, sempre colocaram todos no mesmo saco.

Nunca deram o real valor aos ultras, sempre que havia notícias eram pelos piores motivos, mas como o que não nos mata, torna-nos mais fortes, das críticas fomos criando forças para superar tudo isso.

Se um médico não exercer da melhor forma a sua tarefa, não podemos englobar todos os médicos como ignorantes. A que saber fazer esta clara distinção, e a comunicação social nunca a soube fazer.

É claro que lá pelo meio há situações que vão para além de meros fundamentos, depois entra o clubismo, como forma de tapar os olhos a determinados assuntos mais relevantes.




BB - E lá por fora, que grupos admiras? Qual é o estilo que mais te agrada e com que te identificas?



Ultras-Life - Para não descriminar nenhum país, escolherei alguns de cada: em Espanha aprecio muito os Bukaneros e a Biris Norte.

Em França os Magic Fans e o Comando do Marselha.

Em Itália o Ultras Roma, e a Curva Nord da Atalanta, na Polonia o wisla e o Cracóvia, da Áustria os Ultras rapid de Viena, dos Balcãs, os BBB, a Torcida Split, os Red Army do Mostar, os Grobari do PAOK, os Ultras Red Star de Belgrado, etc… Em termos de “firm’s”, gosto muito do Cardif souls crew, Zulu Warriors do Birmingham, ICF West Ham, Millwall Foreign Crew, Villa Hardcore, The Urchins do Liverpool… Como podes ver os meus gostos são muito amplos.




BB - Muito obrigado pela entrevista, peço-te só que deixes uma mensagem final.



Ultras-Life - Tenham sempre uma atitude interventiva no seio do grupo, e evoluam sem nunca por de parte os velhos costumes e as velhas maneiras, faz porque gostas. Concentrem-se essencialmente no apoio a equipa, e digam sempre não ao futebol moderno. Uma saudação especial ao pessoal da Fúria, nunca abandonem esse vosso estilo inconfundível, lutem pelo que acreditam, futuramente terão frutos daquilo que semearam.
Os BB agradecem ao admin do Ultras-Life pela entrevista, e convidam-no a assistir a um jogo junto da F.A e dos BB.
BB 1984

3 comentários:

Anónimo disse...

Digo-te uma coisa, já acompanho este blog ha muito, e é dos poucos que me dá prazer ler. Quanto tempo já perdi a ler as suas crónicas... Mesmo não sendo generalista, penso que o blog aprofunda temas de real interesse. Os meus parabens a quem esta por tras deste projecto. Só uma opinião, fala mais das firmas Britanicas. Um abraço para os BB.

Anónimo disse...

Camarada parabéns por mais esta entrevista, prova o porquê de o Ultras-Life ser dos melhores blogs que conheço sobre o nosso movimento.

BB1984 disse...

Camarada muito obrigado.

Abraço para ti, e um abraço para o anonimo de cima.

Terrace